segunda-feira, dezembro 9, 2024
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Pará avança na captação de tecidos oculares

Na última sexta-feira, 15, o Hospital Ophir Loyola (HOL), referência em tratamentos oncológicos no Pará, promoveu o primeiro congresso de oncologia da instituição, abordando temas relevantes para a saúde pública. Durante o evento, uma mesa-redonda foi dedicada ao tema “O atual cenário, desafios e novas perspectivas da doação de córneas no estado do Pará”. O debate contou com a presença do oftalmologista e responsável técnico pelo Banco de Tecidos Oculares (BTO) do HOL, Alan Souza Costa e da enfermeira cearense,  Lisiane Paiva Alencar, da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott).

Conforme o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o número de pessoas na fila para transplantes de tecidos oculares no Brasil quase triplicou nos últimos dez anos, passando de 10.734 pacientes em 2014, para 28.937 em junho de 2024. No Pará, estratégias adotadas pelo BTO do HOL elevaram o número de doações, como campanhas de sensibilização e acordos de cooperação técnica firmados entre o Hospital, o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) e o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), da Polícia Científica do Pará (PCEPA), sob a coordenação da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Somente no ano passado, ocorreram 346 doações, ou seja um total de 692 córneas que representaram um aumento de 200% em relação ao ano de 2022.

Somente em 2024, foram recebidas 646 córneas de janeiro a 15 de novembro, números que evidenciam os resultados das estratégias desenvolvidas nos últimos anos. O Banco de Tecidos Oculares é o único do estado e desempenha uma função essencial na captação e destinação de córneas para aqueles que aguardam na fila de espera. O Hospital Loyola exerce um protagonismo importante neste processo. Somos o único no estado a gerenciar um banco de olhos, e desde que assumimos a gestão, não faltou apoio da diretoria, da Sespa e do governo do Estado para buscar soluções para aumentar as doações no Pará”, ressaltou Allan Costa.

Desafios e sensibilização social

A enfermeira Lisiane Paiva Alencar explicou que um dos principais desafios enfrentados pela equipe de captação refere-se à sensibilização  da sociedade para a importância do ato. “A principal dificuldade que enfrentamos é sensibilizar as famílias. A doação de córneas geralmente ocorre em um momento de grande dor e sofrimento, quando a família ainda está em negação pela perda de um ente querido. Nosso papel é oferecer a possibilidade da doação, mostrando como isso pode transformar a vida de outras pessoas”, afirmou  a enfermeira.

Portanto, um passo importante para aqueles que desejam ser doadores de tecidos oculares é comunicar a intenção à família. Esse diálogo pode ser decisivo para garantir que a doação ocorra, caso a pessoa falecer, ajudando a salvar a visão de quem está na fila de espera para o transplante. “É fundamental que as pessoas se comuniquem sobre a vontade de ser doador. Quando isso acontece, a autorização para a doação e retirada de órgãos e tecidos se torna mais fácil, o que pode garantir qualidade de vida e um novo recomeço para quem aguarda por um transplante”, destacou.

Quem pode doar córnea?

A doação pode ser realizada por quem for a óbito, entre  2 até 72 anos. Há critérios específicos de exclusão, como pacientes portadores de HIV e dos vírus causadores de Covid-19 e hepatites B e C. Os tecidos oculares podem ser retirados até seis horas após o óbito. 

Preservadas, as córneas têm até 14 dias para serem implantadas em um receptor. Para fazer a doação, a família pode entrar em contato com Banco de Tecido Ocular pelos telefones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159 ou com a Central Estadual de Transplantes através do telefone (91) 97400-6456.

Texto de David Martinez, sob supervisão de Leila Cruz

Fonte: Agência Pará/Foto: Divulgação

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