quarta-feira, janeiro 15, 2025
Desde 1876

Sinais fatais: como gestos inofensivos se tornam sentenças de morte no Ceará

Um simples risco na sobrancelha, um gesto com a mão em uma foto, símbolos do dia a dia, custaram a vida de pelo menos três adolescentes no Ceará, no nordeste brasileiro. Jovens com menos de 18 anos, confundidos com membros de facções criminosas por causa de marcas apropriadas indevidamente por esses grupos.

A tranquilidade de Jericoacoara foi brutalmente interrompida com o assassinato de Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, no dia 18 de dezembro. O adolescente, que estava viajando com o pai, Danilo Martins, foi confundido com um integrante de facção rival e morto após a análise de suas fotos.

“As investigações indicam que o crime foi motivado por uma fatal confusão. Os criminosos, após analisarem as conversas e fotos no celular da vítima, acreditaram, equivocadamente, que ele tinha ligação com uma facção rival de São Paulo, o que desencadeou o ataque”, explicou Márcio Gutiérrez, delegado-geral da Polícia Civil do Ceará.

Em algumas fotos tiradas em Jericoacoara, Henrique fez um gesto comum entre jovens: levantar três dedos. Infelizmente, no mundo do crime, esse gesto é associado a uma facção cearense aliada ao PCC. O pai do adolescente garante que Henrique não tinha conhecimento desse significado, tornando o crime ainda mais trágico.

A Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS) realiza ações diárias para combater o crime organizado, mobilizando a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Coordenadoria de Inteligência.

Casos antigos

Em 2019 e 2020, Fortaleza também foi palco de tragédias semelhantes: dois coroinhas foram assassinados após serem confundidos com membros de facções, assim como o adolescente em Jericoacoara. Um deles teve o celular analisado, enquanto o outro foi morto por uma simples marca na sobrancelha.

Em 2024, a justiça foi feita: os dois assassinos de Ronald Miguel Freitas de Oliveira, um coroinha de 15 anos morto a tiros em 2019 no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, foram condenados a 56 anos de prisão.

Ronaldo, coroinha dedicado da Paróquia São Francisco de Assis, foi covardemente assassinado com um tiro na cabeça enquanto conversava com a mãe na calçada de casa, após retornar de uma missa.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, na noite de 24 de novembro de 2019, por volta das 19h, Ronald foi atacado brutalmente por Pedro Henrique de Morais Pereira, conhecido como “Perneta”, João Levi da Silva de Oliveira e um adolescente de 17 anos, enquanto estava sentado em frente de casa.

Motivados pela suspeita de que o celular de Ronald continha imagens de um sinal associado a uma facção rival, o trio o roubou. Após vasculhar o aparelho, Pedro Henrique e o adolescente voltaram e, friamente, executaram o coroinha com um tiro na cabeça.

Menos de um ano depois, a mesma dinâmica de violência se repetiu com Jefferson Brito Teixeira, de 14 anos. Três cortes em sua sobrancelha foram interpretados como um sinal de ligação com uma facção criminosa, resultando em seu assassinato.Na noite de 18 de agosto de 2020, em um ato de covardia, Jefferson Brito Teixeira, de 14 anos, foi brutalmente assassinado no calçadão da Barra do Ceará. Robson Vasconcelos, ligado a uma organização criminosa, abordou o jovem, notou a marca em sua sobrancelha e o arrastou para um beco, onde desferiu os golpes fatais.

Enquanto agredira brutalmente o jovem, Robson, em um ato de covardia, chamou seus comparsas, também ligados à facção criminosa, gritando: “Vem, vão ajudar não? É pilantra, tá falando ‘tudo três’!”.”

Em resposta ao chamado do líder do grupo, os demais criminosos, incluindo o adolescente, iniciaram uma sequência brutal de agressões contra a vítima indefesa, utilizando chutes, socos, paus e pedras. Mesmo quando a vítima já não reagia, os ataques continuaram, demonstrando uma crueldade sem limites.”, afirmou o Ministério Público.

Fotos Reprodução Internet

artigos relacionados

PERMANEÇA CONECTADO

0FansLike
0FollowersFollow
22,200SubscribersSubscribe
- PUBLICIDADE-
MIX

Mais recentes

×
Pular para o conteúdo