“A idade é só um número.” Essa é a frase que define Jeannie Rice, uma maratonista sul-coreana naturalizada americana que, aos 77 anos, continua quebrando recordes e chamando a atenção não só do mundo esportivo, mas também da ciência.
Recentemente, Jeannie participou de uma série de testes físicos conduzidos por pesquisadores do Reino Unido, que ficaram impressionados com a performance da atleta. O resultado? Descobriram que seu condicionamento físico se assemelha ao de uma mulher com cerca de 25 anos algo praticamente inédito na sua faixa etária.
Da corrida para perder peso à elite das maratonas
Jeannie começou a correr aos 35 anos, apenas com o objetivo de emagrecer após as férias. Ela deu suas primeiras voltas ao redor do quarteirão, e, sem perceber, já estava correndo quilômetros. Em 1983, participou de sua primeira maratona, em Cleveland, nos Estados Unidos. A paixão foi instantânea.
De lá pra cá, ela já completou mais de 130 maratonas e bateu diversos recordes mundiais na sua categoria (75 a 79 anos), inclusive superando o tempo de muitos homens da mesma faixa etária.
O que chamou a atenção dos cientistas
Em 2024, Jeannie quebrou o recorde mundial da maratona de Londres. Seis dias depois, ela já estava em um laboratório na Universidade de Loughborough, na Inglaterra, participando de testes que analisariam sua resistência, respiração, batimentos cardíacos e força muscular.
O resultado impressionou. Segundo o pesquisador Michele Zanini, seu VO2 máximo um índice que mede a eficiência do corpo em absorver oxigênio durante o exercício é comparável ao de mulheres muito mais jovens. Sua frequência cardíaca máxima chegou a 180 batimentos por minuto, algo extremamente raro para sua idade.
Além disso, sua economia de corrida (a eficiência com que ela transforma oxigênio em velocidade) está no nível de atletas profissionais jovens. Isso mostra como o corpo dela é bem adaptado à atividade física de alto rendimento.
Rotina forte e vida equilibrada
O segredo de Jeannie? Disciplina e constância. Ela treina seis dias por semana, correndo cerca de 80 km semanais. Dorme cedo, come alimentos naturais como verduras, frutas, arroz e peixe e evita frituras e doces. Mesmo sem treinador, ela organiza seus treinos e sempre corre durante o ano todo, sem longas pausas.
“Não sou diferente de ninguém”, diz. “Mas sou muito dedicada.”
Ela também valoriza a convivência com outros corredores. Correr, para ela, não é só competição, mas também um momento de conexão e paz. Inclusive, prefere não ouvir música enquanto corre: “Gosto de ouvir a natureza, pensar na vida.”
Inspirando a ciência e o envelhecimento saudável
Para os pesquisadores, Jeannie não é apenas uma atleta fora da curva ela é uma pista de como é possível envelhecer com mais saúde e independência.
Estudos mostram que o exercício físico regular pode evitar a perda de força e capacidade respiratória, que muitas vezes comprometem a qualidade de vida na velhice. A história de Jeannie reforça que nunca é tarde para começar.
“Ela começou a correr aos 35 anos e hoje, com 77, está mais ativa do que muita gente de 30”, afirma Zanini.
Próximos desafios
Jeannie segue com planos ambiciosos: vai correr a maratona de Sydney, na Austrália, em agosto, e quer bater seu próprio recorde. “Se eu estiver saudável aos 80 anos, quero continuar correndo bem”, diz com um sorriso.
A mensagem que ela deixa?
“Não se renda. A idade é só um número. O importante é se manter ativo e com um propósito.”
Fonte: BBC News Brasil