A 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes não foi apenas um encontro entre leitores e escritores: ela também se transformou em uma vitrine para a moda autoral inspirada na Amazônia. No espaço Feira Criativa, instalado no Hangar Centro de Convenções, dezenas de empreendedores mostraram que estilo e identidade regional podem caminhar lado a lado, fortalecendo a economia criativa e aproximando o público das tradições culturais da região.
Com 18 barracas e 54 empreendedores selecionados por meio do Mapa Cultural do Pará, o espaço trouxe ao público peças que unem design, ancestralidade e sustentabilidade. Cada estande se transformou em um convite à descoberta de histórias que ultrapassam o simples ato de comprar: ao adquirir uma biojoia, uma cerâmica ou uma peça de moda local, o visitante leva consigo um pedaço da Amazônia.
Biojoias que contam histórias
Um dos maiores destaques do espaço foram as biojoias, feitas com sementes, fibras naturais e elementos da floresta. Mais do que acessórios, elas carregam um simbolismo que remete ao respeito pela natureza e à valorização de saberes indígenas. A artesã Marta Almeida destacou que o diferencial está justamente nessa conexão:
“O ponto forte de vendas são as biojoias, porque cada peça nasce com cuidado à natureza e traz referências ancestrais indígenas”, explicou.
Outro atrativo foram as cerâmicas tradicionais, trabalhadas com grafismos que preservam a memória indígena e popular da região. A ceramista Mainara Santana emocionou o público ao compartilhar a história de sua família:

“As cerâmicas começaram com a minha avó, passaram para minha mãe e hoje eu sou a terceira geração. É uma continuidade que fortalece nossa cultura e nos dá orgulho.”
A presença dos empreendedores reforça o papel da Feira Pan-Amazônica do Livro como um evento multicultural, onde a literatura dialoga com outras expressões artísticas e econômicas. Para o governo do Estado, a iniciativa contribui para ampliar o mercado de produtos locais e fortalecer a cadeia da economia criativa, que movimenta comunidades e gera oportunidades de trabalho.
O espaço da Feira Criativa mostrou que moda, arte e literatura podem se complementar, promovendo encontros e aproximando a população de manifestações que são, ao mesmo tempo, atuais e profundamente enraizadas na cultura amazônica.

Mais do que consumir produtos, os visitantes tiveram a chance de conhecer as histórias por trás de cada criação e de perceber que a moda amazônica é, na verdade, uma afirmação de identidade, resistência e orgulho cultural.
Imagem: Agência Pará