O Pará se tornou, nos últimos anos, o grande protagonista da exportação de gado bovino em pé no Brasil. Em 2024, o estado respondeu por 56,1% de todas as exportações nacionais, embarcando quase meio milhão de cabeças de gado e movimentando cerca de US$ 428,5 milhões. Esse desempenho colocou o estado à frente de outras regiões tradicionalmente fortes no agronegócio, como Mato Grosso e Goiás, e consolidou sua posição como líder absoluto do setor.
O Brasil já vinha ampliando suas exportações de gado vivo ao longo da última década, mas o Pará assumiu a dianteira por reunir dois fatores essenciais: logística favorável e rebanho robusto. Com uma das maiores populações bovinas do país estimada em mais de 26 milhões de cabeças ,o estado também conta com portos estratégicos, como o de Vila do Conde, em Barcarena, que se tornou a principal porta de saída para os embarques internacionais.
Outro diferencial é a estrutura de Estabelecimentos de Pré-Embarque (EPEs), locais onde os animais passam por quarentena, recebem cuidados sanitários e são preparados para a viagem marítima. Essa organização garante agilidade e segurança no processo, fortalecendo ainda mais a confiança dos importadores.
Destino do gado paraense
Os principais mercados compradores estão localizados no Oriente Médio e Norte da África, regiões onde o consumo de carne bovina é elevado e, muitas vezes, há preferência por animais vivos devido a tradições religiosas. Países como Turquia, Egito, Iraque, Líbano e Marrocos estão entre os maiores destinos do gado paraense.
Além disso, a exportação de gado vivo permite ao Brasil atender demandas específicas, como rituais de abate halal, exigidos por parte da população muçulmana.
A liderança do Pará nesse segmento não apenas fortalece a economia estadual, mas também gera milhares de empregos diretos e indiretos, envolvendo pecuaristas, trabalhadores portuários, motoristas, técnicos em saúde animal e prestadores de serviços ligados à cadeia da pecuária.
Em 2025, os resultados seguem expressivos: só no primeiro trimestre, o Pará já foi responsável por 64,8% das exportações brasileiras de gado vivo, embarcando quase 195 mil cabeças e gerando US$ 179,9 milhões em receitas.
Apesar dos números positivos, a exportação de gado vivo também desperta debates. Organizações de proteção animal questionam as condições de transporte em navios e defendem que o Brasil priorize a exportação de carne processada. Já especialistas do setor ressaltam que o comércio de animais vivos atende a nichos específicos e movimenta bilhões, sendo um elo estratégico no agronegócio.
Outro ponto de atenção é a necessidade de conciliar crescimento econômico com sustentabilidade. O Pará, por estar no coração da Amazônia, enfrenta cobranças internacionais para garantir que a expansão da pecuária não esteja associada ao desmatamento ilegal.
Um gigante do agro brasileiro
Com resultados recordes, o Pará se consolida como o maior exportador de gado vivo do Brasil e fortalece sua posição de potência agropecuária mundial. A expectativa é que, nos próximos anos, o estado continue ampliando sua participação no mercado global, equilibrando tradição pecuarista, modernização logística e os desafios socioambientais da Amazônia.
Imagem: Thays Garcia/ A Província do Pará