É hora de reforçar a preparação para o novo Concurso Nacional Unificado (CNU), que terá provas objetivas aplicadas daqui a três meses. Com a publicação do edital da seleção, no início da semana passada, os candidatos ganharam um guia certeiro dos conteúdos a serem avaliados. E, mesmo aqueles que fizeram o concurso no ano passado, devem afinar os estudos, observando as novidades.
Com 3.652 vagas oferecidas, o CNU 2 está organizado em nove blocos temáticos — o que permite aos candidatos concorrerem a diferentes cargos a partir da mesma prova. Nos blocos 1 ao 7 (nível superior), a prova de 5 de outubro será composta por 90 questões, sendo 30 de Conhecimentos Gerais. A estrutura básica dos temas cobrados é bem parecida com a da primeira edição, mas houve uma alteração que precisa ser considerada.
— As matérias como Desafios do Estado de Direito, Políticas Públicas, Diversidade e Inclusão, Ética e Integridade e Administração Pública Federal continuam semelhantes ao edital anterior. A principal mudança é a substituição da disciplina de Finanças Públicas por uma nova: Tecnologia no Trabalho — explica Aline Menezes, professora do Gran Concursos.
A inclusão de questões relacionados à tecnologia atende a uma demanda apontada pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Segundo a chefe da pasta, os conhecimentos sobre tecnologia são esperados de todos os candidatos para aprimorar os serviços prestados pelos órgãos públicos.
Transformação digital e IA
Os professores de cursos destacam que os candidatos devem se atualizar sobre temas como digitalização de processos, inteligência artificial, transformação digital no setor público, automação e os efeitos dessas mudanças sobre o papel do servidor. Além disso, o conteúdo tem forte ligação com políticas de inovação, acesso a serviços e reorganização das estruturas de trabalho no Estado.
A disciplina de Finanças Públicas, que tinha papel central entre os Conhecimentos Gerais, foi enxugada e está agora incorporada à Administração Pública Federal, exigindo compreensão básica do funcionamento orçamentário do Estado, mas sem a mesma profundidade anterior.
— Acredito que isso tenha acontecido em decorrência das vagas desse novo edital, uma vez que na primeira edição esse assunto era imprescindível, principalmente por conta do quantitativo de vagas para a carreira de auditor fiscal e outras. Entretanto, neste edital, aparecem alguns tópicos do conteúdo de finanças na matéria de Administração Pública Federal — expõe Aline.
Quem já vinha se preparando para as questões de Conhecimentos Gerais antes mesmo da publicação do edital do CNU 2 pode fazer estes ajustes e mudar o foco para o estudo de Conhecimentos Específicos. Thomas Jorgensen, professor de estratégia do Estratégia Concursos, explica que a prova terá cinco cinco eixos temáticos, com 12 questões cada, somando 60 no total.
— Se o candidato pretende concorrer a vários cargos, precisa analisar quais disciplinas têm maior peso em cada um deles para definir o que priorizar nos estudos — orienta o especialista.
Banca organizadora mudou
Em relação à primeira edição do CNU, também mudou a banca organizadora. Como anunciado em junho, saiu a Cesgranrio e entrou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Para Letícia Bastos, professora de Gran Concursos, a nova banca é mais exigente e cobra interpretação de textos mais complexos, sutilezas semânticas e gramaticais:
— A FGV também traz enunciados longos e muitas vezes com “pegadinhas” ou alternativas semelhantes. Na prática, isso significa que a prova tende a ficar mais difícil, sobretudo para os candidatos que não estão habituados ao estilo da banca.
A principal recomendação dos especialistas para um bom resultado é direcionar os estudos com base no histórico da banca. Isso significa resolver provas anteriores da FGV.
https://32dbaae90cdb139da190386b34950ab0.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-45/html/container.html — É preciso estudar diretamente por provas anteriores da FGV, ajustar o cronograma à nova disciplina de Tecnologia e Trabalho e investir na leitura interpretativa e na escrita. Além disso, não adianta simplesmente ficar lendo esse conteúdo sem se familiarizar com essas questões — orienta Fernando Maciel, professor do Gran Concursos.
A estrutura do concurso também foi alterada. Em vez de oito blocos temáticos como na primeira edição, serão nove este ano. Entre eles, dois de nível médio, separados para Saúde e Regulação (blocos 8 e 9, respectivamente).
Inscrições, taxa e calendário
As inscrições para a nova edição do chamado “Enem dos Concursos” terminam em 20 de julho. A taxa é de R$ 70, mas é possível solicitar isenção até o dia 8, no site da FGV. A isenção é concedida a pessoas inscritas no CadÚnico, doadores de medula óssea, atuais ou ex-alunos do Prouni e do Fies.
De acordo com o edital, as provas objetivas para todos os blocos temáticos serão aplicadas no dia 5 de outubro. Aqueles que forem considerados habilitados nesta avaliação (nove vezes o número de pessoas candidatas por vaga) deverão fazer prova discursiva no dia 7 de dezembro. A primeira lista de classificados deverá ser divulgada no dia 30 de janeiro de 2026.
https://32dbaae90cdb139da190386b34950ab0.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-45/html/container.html Como será avaliação de nível intermediário
Para os cargos de nível intermediário, a prova objetiva terá 68 questões, sendo 44 distribuídas entre Português + Realidade Brasileira (20), Direito (11) e Matemática (13). As outras 24 questões serão de Conhecimentos Específicos sobre Saúde ou Regulação, conforme o bloco temático.
Todas as questões terão peso 1, e a nota será simplesmente a soma dos acertos, podendo chegar a até 68 pontos.
A prova discursiva para nível intermediário será uma redação em formato dissertativo-argumentativo, também com limite de até 30 linhas. Nesse caso, 100% da nota será atribuída com base no uso da Língua Portuguesa, avaliando domínio gramatical, estrutura textual (introdução, desenvolvimento e conclusão), coerência, coesão e clareza na exposição das ideias.
Como será avaliação de nível superior
A estrutura da prova do CNU 2 varia conforme o nível de escolaridade exigido pelo cargo, com diferenças na quantidade de questões, no peso das disciplinas e na forma de avaliação das provas discursivas.
Para os cargos de nível superior, a prova objetiva será composta por 90 questões, sendo 30 de Conhecimentos Gerais e 60 de Conhecimentos Específicos.
Já a prova discursiva de nível superior será composta por duas questões dissertativas, cada uma valendo 22,5 pontos, totalizando até 45 pontos. As respostas deverão ter até 30 linhas cada.
https://32dbaae90cdb139da190386b34950ab0.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-45/html/container.html Blocos temáticos: como escolher um?
Quem tem até o ensino médio completo tem apenas duas opções: bloco 8 ou 9. No entanto, os professores destacam que o 8 é mais voltado para aqueles que têm curso técnico em saúde, enquanto o 9 seria mais abrangente para quem tem somente ensino médio regular.
Já aqueles que têm curso superior, há a opção de escolher qualquer um dos blocos. Os quatro primeiros são mais específicos, sendo o 1 voltado para a parte de Saúde, Assistência Social e Previdência Social; o 2 na área de Cultura e Educação; o 3 voltado para Ciência e Tecnologia da Informação e o 4 para Engenharia e Arquitetura. Dessa forma, candidatos que tenham essas formações podem ir para esses blocos que já são direcionados para eles.
Segundo Bruno Bezerra, professor do Estratégia Concursos, candidatos de nível superior — que disputam vagas nos blocos temáticos de 1 a 7 — precisam ser ainda mais estratégicos nesta reta final. Com muito conteúdo e pouco tempo para estudar, é essencial focar no que mais vale ponto.
No caso dos conhecimentos específicos, o conteúdo é dividido em cinco eixos temáticos, com pesos que variam conforme o cargo. Um exemplo é o bloco 6, de Desenvolvimento Socioeconômico. Considerando que cada eixo temático tinha o mesmo número de questões na primeira edição do CNU, o cargo de especialista em regulação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) pode 40% da pontuação de conhecimentos específicos concentrada no eixo temático 3 — Gestão Estratégica e Regulação — por teso peso 5 na nota final, ou seja, 60 dos 150 pontos possíveis da prova objetiva.
— O candidato precisa saber exatamente quais eixos têm mais peso para o cargo que quer e montar o plano de estudo com base nisso — orienta Bruno.
Ele também destaca três fatores que influenciam diretamente a nota de corte: número de inscritos, quantidade de vagas e nível de dificuldade da prova.
— Quando a prova é mais difícil, a nota de corte costuma ser mais baixa. Já em provas de nível médio, a nota tende a subir — diz.
Das vagas ofertadas por 36 órgãos e autarquias federais, 2.480 vagas serão para início imediato (1.972 de nível superior e 508 de nível intermediário) e 1.172 poderão ser convocadas a curto prazo, após a homologação dos resultados. Essa divisão deve ser observada pelos candidatos na hora de escolher um bloco temático para se candidatar.
O bloco com mais vagas é o 5, de Administração, com 1.172. Mas mil delas são para cadastro de reserva do cargo de analista técnico-administrativo.
Veja os blocos temáticas da segunda edição do CNU:
- Bloco 1: Seguridade Social – Saúde, Assistência Social e Previdência Social
- Bloco 2: Cultura e Educação
- Bloco 3: Ciências, Dados e Tecnologia
- Bloco 4: Engenharias e Arquitetura
- Bloco 5: Administração
- Bloco 6: Desenvolvimento Socioeconômico
- Bloco 7: Justiça e Defesa
- Bloco 8: Intermediário – Saúde (nível médio)
- Bloco 9: Intermediário – Regulação (nível médio)
Fonte e imagem: Portal do jornal Extra/Globo