quinta-feira, maio 15, 2025
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Exclusivo – Maternidade Tardia: Quando o sonho chega com maturidade e amor

Cada vez mais mulheres estão adiando a maternidade por diferentes motivos: carreira, estabilidade financeira, amadurecimento emocional ou por simplesmente entenderem que ainda não era o momento certo. Esse fenômeno é chamado de maternidade tardia, quando a gravidez acontece após os 35 anos — embora, para alguns especialistas, esse marco seja a partir dos 40.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, mulheres entre 30 e 39 anos foram responsáveis pelo nascimento de 22.451 bebês. Em 2022, o número de mulheres que deram à luz na mesma faixa etária subiu para 30.681, o que representou um aumento de 36% em mais de uma década.

Segundo a médica ginecologista e obstetra Simone Vidotti, professora e coordenadora do curso de pós-graduação em Ginecologia da Afya Educação Médica Belém, não existe uma idade “ideal” que sirva para todas as mulheres quando o assunto é maternidade, pois isso varia de acordo com inúmeros fatores. A médica esclarece que a fertilidade começa a diminuir após os 30 anos, com queda mais acentuada depois dos 35. Após os 40, as chances de engravidar reduzem ainda mais, e aumentam os riscos de complicações. No entanto, ela reforça que, com bom acompanhamento médico, é possível ter uma gestação segura. “Muitas mulheres entre 35 e 39 anos ainda conseguem engravidar naturalmente. O importante é manter exames em dia e conversar com seu médico sobre opções como o congelamento de óvulos, caso deseje adiar a maternidade”, explica a especialista.

Erica Barros Fraga Martins, secretária executiva em uma siderúrgica, decidiu adiar a maternidade, mesmo casada há 17 anos, para conquistar a estabilidade financeira. Quando percebeu que o tempo estava passando e a rotina não mudava, ela e o marido decidiram ficar “grávidos”. “Viver a experiência da maternidade aos 46 anos foi uma decisão pensada e madura. Minha gravidez foi muito desejada e esperada. Foi uma gestação tranquila e fora de risco. Deus nos presenteou com a nossa filha Letícia, uma linda princesa”, conta. Para ela, ser mãe depois dos 40 foi mais do que uma realização: “É viver essa experiência com mais calma, mais entrega. É descobrir forças que nem sabia que existiam”, declara Erica.

Mas o desafio da maternidade tardia não é apenas físico. Há também questões emocionais envolvidas. A médica psiquiatra Sandra Carvalhais, professora e coordenadora do curso de pós-graduação em Psiquiatria da Afya Educação Médica Belém, explica que adiar esse sonho pode gerar sentimentos de perda, frustração e até depressão. “A mulher pode viver com um luto por uma maternidade que foi adiada, se questionar se tomou a decisão certa ou sentir que está ficando para trás”, afirma.

Por isso, a psiquiatra orienta: o mais importante é a mulher respeitar seus próprios sentimentos e tomar decisões baseadas em suas convicções. “Esperar não é fracasso. É cuidar de si mesma. A mulher precisa lembrar que não existe uma idade certa para ser mãe, essa ideia é uma construção social”.

Erica resume esse sentimento com emoção: “Em um momento em que muitos acham que os sonhos já se aquietam, Deus me surpreendeu com o mais lindo de todos. Letícia chegou para me ensinar, renovar e iluminar meu caminho. A maternidade tardia é, sim, possível e pode ser vivida com plenitude, consciência e muito amor”, enfatiza.

Psiquiatra oferece algumas dicas

Não existe uma “receita pronta” para a maternidade tardia, mas algumas orientações da psiquiatra Sandra Carvalhais são importantes:

•           Aceitar sem culpa os sentimentos como tristeza, raiva e até inveja;

•           Buscar esclarecer para si mesma de forma muito sincera os motivos da decisão;

•           Ter sempre a possibilidade de reavaliar as suas prioridades e escolhas, mas tendo em mente que a ideia de que existe “a idade certa” é uma construção social, muitas mulheres tornam-se mães depois dos 35 ou 40 com sucesso e plenitude;

•           A espera para o momento de engravidar não deve ser o ponto central da sua vida, é importante focar em outras áreas que tragam realização pessoal (carreira, viagens, autocuidado, espiritualidade). Isso não significa “desistir” da maternidade, mas evitar que o desejo adiado consuma toda a energia emocional.

•           Buscar apoio emocional: conversar com pessoas de confiança ou com outras mulheres que passaram por isso, e muitas vezes buscar ajuda profissional. Psicoterapia é especialmente útil para trabalhar as angústias que este momento possa trazer, entender os conflitos internos que estão na base dos seus sentimentos

Texto: Alessandra Barreto/Imagens: Divulgação

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